Em Barueri, oftalmologia está inserida na Atenção Básica de Saúde e segue modelo particular
Em 10 de julho celebrou-se o Dia Nacional da Saúde Ocular. A data trouxe à tona, por parte de seus representantes de classe, uma discussão sobre as dificuldades de inserção da oftalmologia na Atenção Básica. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) defende a criação de políticas púbicas que tornem a especialidade mais acessível a toda população. Em Barueri, o serviço não só já está estabelecido em sua rede de saúde há anos como recebeu uma grande ampliação este ano na Policlínica da Cruz Preta / Engenho Novo (saiba mais AQUI).
Ao ofertar o acesso adequado aos tratamentos oftalmológicos, a cidade visa diminuir as estatísticas nacionais que apontam que quase 75% dos casos de cegueira e deficiência visual poderiam ser prevenidos ou curados. No Brasil há 1.577.016 pessoas cegas, cerca de 0,75% da população segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), há por volta de 39 milhões de cegos e 246 milhões de pessoas com perda moderada ou severa de visão.
A grande questão é que as doenças que mais causam cegueira – catarata, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade e retinopatia diabética – podem ser previamente identificadas e tratadas com consultas periódicas ao oftalmologista, até porque a maioria delas não apresenta sintomas e a pessoa acaba indo buscar ajuda quando o quadro está evoluído. Além disso, a não correção de erros refrativos, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, por exemplo, também é apontado como principal causa do comprometimento da visão.
“O grande problema de antigamente é que o paciente não era diagnosticado porque talvez não tinha acesso ao oftalmologista e não tinha os exames que a gente tem hoje para nos auxiliar, tanto no diagnóstico quanto no procedimento”, destaca o oftalmologista Emílio Rodrigo Scheiber, responsável pelo setor na Policlínica da Cruz Preta / Engenho Novo.
A ampliação realizada pela Prefeitura de Barueri neste tipo de serviço foi completa: contemplou um maior número de vagas, que passou de 212 para 1.700 ao mês, a compra de equipamentos modernos e de última geração e a contratação de um corpo clínico especializado em diferentes áreas da saúde ocular.
Longe da escuridão
De acordo com Emílio Rodrigo, a retinopatia diabética tem grande demanda na unidade, até porque o diabetes é o principal causador de cegueira no mundo. “Por isso” – frisa o profissional – “a importância de promover o atendimento de saúde oftalmológica pensando na parte retiniana: fazendo mapeamento de retina pra saber diagnosticar de forma correta as alterações de diabetes e o exame de fotografia da retina, a retinografia, que também nos auxilia de verdade”. Esses e outros recursos estão disponíveis na Policlínica.
Com relação ao diabetes, inclusive, o médico explica que todas as variações da doença podem causar cegueira, já que há maior risco de alterações na retina. “O começo das alterações do diabetes é silencioso, não gera sintoma para o paciente, mas é justamente o diagnóstico feito nesse começo que consegue evitar a perda da visão no futuro. O grande problema do diabético e a principal causa de sua cegueira definitiva é que geralmente ele procura o atendimento oftalmológico quando tem a perda de visão consolidada. Pouca coisa tem a ser feita depois que ele está no estágio avançado”, alerta Emílio.
O glaucoma também inspira grande preocupação na comunidade médica, já que é a segunda causa de cegueira no mundo e pode ser evitada. “Não tem cura, mas tem tratamento e se a gente promove o tratamento adequado e fornece a terapêutica certa, esse paciente não vai perder a visão”, afirma o médico.
Os efeitos do sol também podem ser perigosos para a saúde dos olhos. O olho, segundo o especialista, pode ter doenças comuns à pele, como é o caso do melanoma – um tipo de câncer que se desenvolve nas células responsáveis pela pigmentação da pele. “Uma estrutura bastante afetada pela exposição solar é o cristalino, que gera catarata, acaba prejudicando a visão do paciente, e a outra coisa é o envelhecimento precoce das células da retina por exposição solar prolongada”, diz.
Daí, a recomendação: “a pessoa que sempre se expõe ao sol tem que usar filtro de proteção, que são os óculos de sol com filtros UVA e UVB. No Brasil a gente não tem tanto problema como tinha antigamente, aqui a legislação é bastante rigorosa, os filtros acabam sendo obrigatórios na maior parte, mas a gente tem grande problema nos filtros que são importados e sem saber a procedência acaba prejudicando mais do que ajudando”.
A marcação de consulta em oftalmologia em Barueri pode ser feita de forma direta na Unidade Básica de Saúde mais próxima de casa. O serviço está disponível para adultos e crianças.