Doação de órgãos recebida no Hospital Municipal pode salvar até três vidas
Um ato de amor e solidariedade marcou toda a equipe do Hospital Municipal de Barueri (HMB) Dr. Francisco Moran no início do mês. No dia 3 de novembro o HMB foi o receptor de uma doação de órgãos que pode salvar até três vidas.
A decisão familiar viabilizou a doação de rins, fígado e córneas, que de Barueri seguiu para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, unidade à qual o HMB é referenciado. A ação, além de honrar o Hospital por sua grandeza, também contribui para fortalecer o trabalho que tem sido realizado internamente com relação ao aprimoramento de transplantes.
Como o HMB não é uma unidade com grande número de ocorrências de morte encefálica, condição necessária para a receptação de órgãos (exceto de córneas), não é sempre que ocorre a doação. Nos últimos dois meses, por exemplo, não houve nenhum caso. Mesmo assim, nesse último ano o Hospital investiu bastante no treinamento da equipe que compõe a Comissão Intra-Hospitalar de Transplante (CIHT), que conta com 13 profissionais.
O coordenador da CIHT, Jorge Rabelo, médico cardiologista e intensivista, explica que os treinamentos visam melhorar os índices de sucesso na condução de morte encefálica e qualificação do doador. “O treinamento consiste em reconhecimento dos casos de morte encefálica, que hoje existe por parte do CFM (Conselho Federal de Medicina). É preciso capacitar os médicos, enfermeiros para executar esse procedimento de forma correta”, ressalta.
A comunicação com a família também é um trabalho cuidadoso que faz parte dos treinamentos, conforme explica o coordenador. “A doação não pode ser abordada de uma forma descuidada, porque é um momento muito sensível para a família, difícil, e tem que ser abordada com muito cuidado. A família precisa perceber que há uma preocupação em preservar os interesses dela, no cuidado, no respeito à dignidade, só mediante essa situação que a gente consegue o convencimento para que haja a doação”, diz Rabelo.
Córneas
O potencial do HMB pode crescer como receptor de córneas. Nesse sentido, os integrantes da CIHT irão começar um novo treinamento. “No caso da doação de córnea, qualquer falecido pode ser doador, não é necessário que tenha sido por morte encefálica. Os falecidos por parada cardíaca ou outra causa que não a morte encefálica são candidatos a doadores. Neste caso, o nosso potencial para doação é maior. Atualmente nós vamos entrar em um treinamento específico pra um programa de capacitação para sermos um hospital tipicamente de doadores de córnea”, esclarece Rabelo.
O treinamento, além de proporcionar uma melhor condução no processo de captação, também vai aprofundar os profissionais no que se refere à precisão, já que no caso da doação de córneas o tempo é determinante. “A partir da hora do óbito temos seis horas para fazer a retirada do órgão”, explica o médico.
Salvando vidas
Alguns órgãos, como?tecidos, córneas, medula óssea, um dos órgãos duplos e parte do fígado e do pulmão?podem ser doados ainda em vida. Já?coração, fígado, pâncreas, intestino, pulmões, rins, pele, veias, válvulas cardíacas, ossos e tendões só são doados?em casos de morte. É importante lembrar que o corpo do doador não fica deformado, pois o órgão é retirado como se fosse uma cirurgia comum e há preenchimento com uma prótese ou estrutura semelhante.
De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), mais de 32 mil pessoas aguardam na fila, sendo que 21.932 esperam por rim e 8.574, por córneas. Por isso, a doação de qualquer órgão é uma conquista para a unidade de saúde já que representa uma forma de diminuir a fila de transplantes.