Oficina de Horta Terapêutica é importante no resgate de pacientes do Caps-AD

A força da terra e o poder da natureza têm servido de inspiração aos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas de Barueri (Caps–AD). Por meio da Oficina Horta Terapêutica os frequentadores do local aprendem a plantar, cultivar, colher e preparar os alimentos orgânicos. Além de uma maior compreensão sobre a natureza, a proposta possibilita uma maior consciência ambiental, a descoberta de novas habilidades, o aprendizado sobre valor nutricional e medicinal das plantas e uma alimentação mais saudável e uma possível fonte de renda.

“A oficina de horta terapêutica traz pra perto do paciente a natureza. Nós ensinamos que na natureza tem a cura pra todas as doenças e que os alimentos são utilizados de forma fitoterápica ou comum e, através deles, podem ter uma vida mais saudável. Nós ensinamos também sobre a natureza. Você cuida do meio ambiente e ele te devolve em forma de alimento, de um ar mais puro, de uma água mais limpa”, exprime a técnica de farmácia Odenir Mesquita, que encabeça o projeto com bastante paixão.

Segundo Odenir, a oficina tem o objetivo de interligar o paciente à natureza e à biodiversidade. “É poder ter o cuidado com a natureza, com a terra e se sentir bem com isso. Eles aprendem a semear, a regar, a cultivar, a tratar a muda quando ela cresce e depois a colher e, no final, a comer o fruto da terra”, detalha.

A farmacêutica da unidade, Grace Kelly Oliveira de Faria, esclarece que a oficina também proporciona o uso fitoterápico do que é ali cultivado. “Aqui na horta, a gente planta também ervas, que fazem um tratamento complementar e medicamentoso ao paciente quando ele está com muita ansiedade, muita fissura por causa do uso da droga. A gente está plantando cidreira, hortelã, várias ervas calmantes que podem complementar a medicação no tratamento do paciente”, diz Grace.

Celebração da Colheita
Todos os meses a equipe do Caps realiza a Celebração da Colheita. Na ocasião, os pacientes colhem o que foi cultivado e preparam diversos pratos com o fruto de seu trabalho. Em julho a Celebração aconteceu no dia 19 e o tema da ocasião foi o açafrão-da-terra: uma raiz seca que, quando moída, se transforma em uma especiaria de cor forte e rica em propriedades anti-inflamatórias e bactericidas. Na ocasião, a planta deu origem a um creme facial “máscara de ouro” preparado pela equipe, sorteado entre os pacientes.

Uma mesa farta com pratos preparados exclusivamente com as ervas, hortaliças, raízes e frutas da horta marcou o encontro, que reuniu cerca de 30 usuários do Caps. A cada festa a equipe também prepara um livreto (Segredinhos do Baú – já na 5ª edição) com informações sobre a principal colheita do mês – no caso, o açafrão -, informações sobre o projeto, dicas, receitinhas, a história de vida de um dos frequentadores, dentre outros. Esta edição trouxe também os resultados da pesquisa “O Poder das Ervas Medicinais”, realizada pelos profissionais do Caps na cidade sobre como as pessoas usam as plantas.

A edição de julho contou a história de José Augusto de Jesus Alves, de 64 anos, em tratamento no local há cerca de um ano. Considerado um dos fundadores da Horta, José Augusto contou o quanto o projeto tem o ajudado. “Foi uma coisa muito boa, porque minha cabeça melhorou, e mexer com a natureza é uma coisa muito saudável para gente. Cuidar bem da natureza é muito importante na vida de todos, faz muito bem a gente plantar, colher, fazer a salada, comer, não tem coisa melhor que isso”, afirma, satisfeito.

Antes do projeto o paciente não tinha muito contato com plantas, hoje pratica o que tem aprendido também em seu lar. “Eu tenho planta em casa, mas só regava. Agora estou cuidando, cortando as folhas secas, estou tratando direitinho, deixando bem organizadinho. Já plantei arruda, pé de cebolinha no vaso e estou cuidando”, conta.

A oficina acontece às terças e sextas-feiras das 14h às 15h30. Além dela, o Caps realiza também, junto aos pacientes, oficinas de culinária, de reciclagem e de customização.

Portas abertas
O Caps – AD atende, atualmente, cerca de 350 pessoas. Conforme explica sua gestora, Káthya Bertolini, é um serviço ambulatorial, de portas abertas, que acolhe pessoas que têm algum tipo de sofrimento em função do uso abusivo de substâncias psicoativas. “A gente atende todas as pessoas que procuram o serviço, temos aqui um plantão técnico diário e buscamos a construção do projeto terapêutico de cada um, porque é um projeto terapêutico singular. Temos uma oferta de oficinas e grupos terapêuticos, além dos atendimentos individuais com médico, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfim, com toda uma equipe multidisciplinar”, frisa Káthya.

TempTempTempTemp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *